domingo, 2 de outubro de 2011

Rastros de Minha Infância



Pelo caminho trilhado, obra do destino, longe de tudo, distante até mesmo de mim, vivo de pés descalços, sinto a areia por entre meus dedos, fina e suave, é tapete para o meu trajeto, por onde deixo pegadas marcantes, rastros de solidão, medida de prevenção caso um dia queira voltar para o lugar de onde eu nunca deveria ter saído, mas que com a necessidade de me aventurar tive que ser persuasivo comigo mesmo e sem olhar para trás acabei iludido por um mundo totalmente diferente daquele que me prometeram um dia. Sinto saudade daquela infância linda, tempo em que brincar me fazia tão bem, não existia responsabilidade, não existia maldade, tudo era tão sincero, meu sorriso era de alegria e lá fora quando chovia era só divertimento, pois a água que caia do céu e escorria pelo chão era a esperança que movia o meu viver e fazia do meu sonhar um verdadeiro momento de encantamento, único e feliz.
Cada poça que se formava era espelho por onde eu enxergava o reflexo de uma criança já adulta, mas sem medo de viver. Atravessava a rua, correndo, lugar de lazer, vivia sem perceber idealizando um futuro ilusório, fantasias e bruxarias, simplismente sentia o vento no rosto e deixava acontecer naturalmente, como o cantar do canarinho, visitante em seu ninho, um artista do amanhecer.
O tempo não vai mais voltar, as cenas que estão gravadas em nossa mente, foram o que ficaram, posso sentir o cheiro das frutas maduras prontas para serem colhidas, o faz de conta me leva ao poder de me sentir livre. Quanto custa um sorriso verdadeiro quando a alma transborda em sentimentos que nos permite sonhar?
O olhar inocente de uma criança como se estivesse observando aquele brinquedo pela vitrine de uma loja, desejando tê-lo exclusivamente, mas sabe que é impossível, pois não tens condição para tamanha aquisição, mas não desanima, ao chegar em casa constrói algo semelhante, fruto da sua imaginação, grande poder criativo de um pequeno que cresce a cada descoberta.
Fecho os olhos e por um momento posso me ver dentro da minha própria historia. Tento não enxergar as lembranças tristes, que me atormentaram durante muito tempo. Hoje é um impulso para que as coisas boas aconteçam, sigo mesmo com o espalhar do fogo e sei que tudo que entre as chamas aparecer, será um sinal de uma vida diferente de todas que já vivi, assim como minha infância, tão distante mas que continua viva dentro de mim, desatando minhas mãos, amarradas para que eu não pudesse fugir de volta ao passado recente de minha obra escrita por idéias de quem adora reviver o que é bom, mesmo sobre pegadas invisíveis, esquecidas pelo tempo.

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