quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A Cada Despedida



Quando as ondas quebram na praia, chegam fazendo bagunça, levando tudo que estiver na beira do mar, chinelos esquecidos, cangas que voam com o passar do vento, restos daquilo que não nos importa mais, somos dejetos, somos cruéis, mundo imperfeito, incapaz de suportar toda fraqueza humana, pelas infinitas vozes, que gritam, espalhando diversos significados a cada palavra pronunciada, próximo ao farol que durante a noite com o auxílio da lua, ilumina todo o lugar. O navio que se despede do cais, as pessoas abanando para seus entes queridos que do lado de fora próximo ao porto, choram à cada despedida.
Pensamento refinado, como se estivesse sido passado em uma peneira, obra prima ainda presa, nunca revelada, esperando seu desencadeamento entre tantas personalidades que se cruzam dia-a-dia, tantas ideologias, simples perdas, tentativas, correria, estimativas de um futuro bem próximo, mas ao mesmo tempo distante, pois tudo que façamos parece nos levar a lugar nenhum.
O sol se despede, lindo pôr no horizonte, dá lugar a lua, estrelas e cometas, posso ver tantos planetas, refletidos na água salgada da intolerância e o medo rouba nossos sonhos, destrói esperanças e nos impede de viver. A brisa leve, a maresia, saudade, esquenta e esfria, toda competência de ser, o que pensamos e desejamos, na mais linda tentativa de mostrar sua verdadeira face, revelando seu poder, de não ser apenas mais um em meio a tantos corpos perdidos, almas que vagam, sem destino ou direção, fazer a diferença, se não por você por quem realmente precisa e merece.
Pelo sim ou pelo não, prefiro continuar com minhas incertezas inconstantes que somem e aparecem sempre antes de dormir.
 O fim se aproxima, mãos presas por um laço de aço, nó cego e suas presilhas, pés acorrentados, estão pesados, impedindo minha fuga, caminhada incerta à beira do abismo que me leva ao desespero, lembranças cortantes, veias agitadas, sangrando uma vida inteira de ilusões, pulsação, movimento, esperando pelo tempo, gritantes erros de despedida, saindo agora de uma vida, sentença perigosa, sempre a sua procura, seres rastejantes, me confirmam com clareza, está tudo acabado, mesmo sem se acabar, foi somente o que restou, lembranças de um grande amor, como se fosse um jogo de montar, mas sem suas peças para jogar, pois muita coisa se perdeu, vendo a vida da janela, vou embora sem pensar, despedaçado pelos fatos, esquecendo de voar, deixando de acreditar em minha maneira de sonhar tentando achar uma saída, tentando apenas reviver, no despertar de cada amanhecer, se perpetuando como uma sina, como um mito de liberdade à procura de um simples motivo para deixar de respirar, 24 horas você. Estou partindo e não pretendo mais voltar, adeus.

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