O vento toca
meu rosto, sinto a brisa do ar gelado. Cego pela forte neblina, caminho
sentindo meus pés descalços quebrando as folhas secas que estão caídas pelo
chão por onde piso entre as árvores deste bosque de desilusões perdidas no
tempo, esquecidas por um momento de descuido, por uma estação. É outono, sigo
sem olhar para trás, de repente timidamente ao leste daqui, vejo o brilho
tímido do sol que se mistura com o brilhar dos olhos negros daquela que não sai
do meu pensamento. Ouço o canto dos pássaros, deslumbrantes ensaiando o seu
coral, doce remédio para quem precisa esquecer. Cada passo que dou, sinto-me
mais forte, percebo que aquilo que me fez sofrer, me engrandeceu, percebo que a
minha história não morreu e por isso preciso continuar a caminhar, a procura do
meu eu, infinitamente. Não foi ontem, também não sei se vai ser hoje, mas sei
que um dia chegarei onde quero. Vou correr, cair, levantar, caminhar pelos lugares mais bizarros, cair novamente, me arrastar e pelo cansaço de tentar e não
conseguir vou chorar, mas não vou desistir, vou descansar e meditar, buscar
naquilo que eu já fiz o meu melhor, transformar os erros em acertos e talvez não
me reconheça mais quando tudo chegar ao seu fim, anunciando um novo começo,
pois o tempo vai me trazer o merecimento por aquilo que faço e não por aquilo
que espero que os outros façam por mim. Carrego a dor de um triste fim, carrego
o som da sua voz sussurrando em meus ouvidos o eu te amo mais lindo, chego a
não saber ao certo o que devo fazer, então me desfaço em mil pedaços para
tentar entender o por quê de você não estar mais aqui do meu lado. Contemplo o
oceano, que depois de horas, dias, anos caminhando encontrei. O mar me parece
um pouco agitado, no horizonte vejo o luar tremido, refletido nas ondas que
trazem para perto de mim aquilo que guardei por durante tanto tempo apenas em minha
memória. De longe posso sentir o cheiro suave do teu perfume, que me faz sonhar
com um dia melhor, fazendo poesia nas horas tristes, transformando os soluços
de choro em um mundo de canção dando embalo as noites escuras de solidão. É quando me deparo frente a um abismo, e você
vem me salvar, feito um anjo, cria asas, me abraça, me envolve e me leva junto
com você. É abrigo, é paz, é o meu coração batendo mais forte, pulsando aquilo
que tenho de melhor em mim, uma energia infinita, um frio na barriga, o suor em
minhas mãos geladas. Meus lábios tremem ao tocar os seus, viajo agora em um
mundo diferente, onde só quem tem coragem de arriscar e nunca desistir sabe o
valor que tem, momentos inesquecíveis e que me fazem bem. Por entre as nuvens
relato um teor inédito de felicidade, nunca esquecendo da realidade, pois a
qualquer momento posso perder as asas que me conduzem por esse imenso céu e ter
que recomeçar não é fácil, quando se perde aquilo que te mantém em pé e com
vontade de viver. Mas se eu pudesse começar tudo de novo, de novo e de novo,
quantas vezes forem preciso eu faria, sem medo de ser feliz, sempre, incansável.
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